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Airpods, os fones de ouvido sem fio para o iPhone 7: fãs da Apple não gostaram da invencionice (Foto: Reprodução/Facebook)

AirPods, da Apple, lançaram tendência no setor de tecnologia em 2016  (Foto: Reprodução/Facebook)

A Apple lançou tendência em 2016 quando anunciou que os iPhones não teriam entradas para fone de ouvido. A maioria dos concorrentes da Apple — incluindo o Google e a Samsung — seguiram o exemplo. Ainda é possível conectar fones de ouvido com fio a esses dispositivos com um adaptador, mas ignorar o conector de fone de ouvido é visto por muitos como um reconhecimento de que o Bluetooth ganhou a batalha pelos nossos ouvidos.

O movimento do mercado parece comprovar que o gadget traz comodidade e segurança aos usuários. Essa suposição, contudo, pode estar incorreta. Alguns especialistas ainda se preocupam com os efeitos dos fones de ouvido na saúde auditiva das pessoas. 

"Minha preocupação com os AirPods é que a colocação deles no canal auditivo expõe os tecidos da cabeça a níveis relativamente altos de radiação de radiofreqüência", diz Jerry Phillips, professor de bioquímica da Universidade do Colorado, em Colorado Springs (EUA).

Ele menciona tumores e outras condições associadas ao funcionamento anormal das células como alguns dos potenciais riscos — que não estão restritos aos AirPods.

 A evidência existente "indica preocupações para saúde e desenvolvimento humano de todas as tecnologias que operam em frequências de rádio", diz ele.

No passado, porta-vozes da Apple responderam às preocupações sobre os AirPods com garantias de que eles cumprem as diretrizes de segurança atuais.

O professor Phillips não está sozinho. Cerca de 250 pesquisadores de mais de 40 países assinaram uma petição à Organização das Nações Unidas e à Organização Mundial de Saúde expressando “séria preocupação” sobre o campo eletromagnético não-ionizante (EMF), que é o tipo de radiação emitida por dispositivos sem fio, incluindo o Bluetooth. 

Junto com Phillips, um dos signatários da petição nos EUA é Joel Moskowitz, diretor do Centro de Saúde Familiar e Comunitária da Universidade da Califórnia em Berkeley. Moskowitz diz que há muito pouca pesquisa sobre Bluetooth especificamente, mas que a pesquisa mais ampla sobre o EMF sugere que os tipos de radiação emitidos pelos fones de ouvido podem produzir efeitos negativos na saúde.

Ele menciona algumas das preocupações de saúde levantadas na petição — incluindo distúrbios neurológicos e danos no DNA — e diz que todos deveriam ter mais cautela com esses dispositivos até que mais pesquisas sejam conduzidas. "Estamos basicamente voando às cegas."

Outros especialistas discordam e destacam que, quando todas as pesquisas sobre campo eletromagnético não-ionizante são agrupadas e analisadas, os dados indicam claramente que não há danos.

Ponderação dos dados
Alguns pesquisadores, no entanto, questionam a sabedoria convencional de que quantidades mais pesadas de EMF são mais arriscadas. Em uma revisão de 2018 intitulada "Wi-Fi é uma ameaça importante para a saúde humana", Martin Pall, professor emérito de bioquímica da Universidade Estadual de Washington, afirma que os possíveis impactos à saúde de um dispositivo não dependem apenas da força ou intensidade do seus sinais.

Um grande problema, diz ele, tem a ver com os "pulsos" eletromagnéticos, que são rajadas rápidas de energia eletromagnética que ajudam os dispositivos sem fio a se comunicar.

"Temos repetidos estudos que mostram claramente que os campos eletromagnéticos pulsados ​​são, na maioria dos casos, muito mais biologicamente ativos do que os não pulsados ​​com a mesma intensidade média", diz ele. “Todos os dispositivos de comunicação sem fio se comunicam, pelo menos em parte, via pulsação, e quanto mais inteligentes eles são, mais eles pulsam.”

Ele diz que a maioria das autoridades de saúde ignora esses fatores. "As chamadas diretrizes de segurança não preveem efeitos biológicos", diz ele.

Phillips reitera este ponto. Os atuais padrões de exposição sem fio estão "claramente fora de sintonia" com a pesquisa, acrescenta. "Ainda não temos controle sobre o que constitui a dose ou quais parâmetros de exposição são importantes", diz ele. “Mais pesquisas certamente são necessárias.”

Moskowitz acredita que o uso de fones de ouvido sem fio é uma maneira eficaz de reduzir a exposição ao campo magnético emitido pelos próprios celulares. "O fato de as pessoas amarem esses dispositivos complica muito as coisas, porque elas rejeitam qualquer informação sobre a exposição magnética, colocando-as em risco", reforça ele.